Glub

Monday, September 25, 2006

Carta aos Romanos



Carta aos Romanos

Sexta feira passada percebi que desperdicei metade da minha vida cometendo idiotices. Percebo que a estupidez humana não tem limites. Por anos fomos ensinados, catequizados e programados para absorver as inutilidades do mundo, como um alimento útil para a alma. Pura Besteira. A arte, coisa abstrata, sem fins práticos, as vezes totalmente ininteligíveis para uma mente sadia, vem sendo há séculos supervalorizada, e considerada para o mundo como o alimento da criatividade humana. Que alimento que nada! Desde os 15 anos fui ensinado a apreciar todos os tipos de arte, mas isso nada me trouxe alem de entulho cultural. Por anos cultivei a minha vasta biblioteca, com todos os grandes clássicos da literatura, e o que isso me trouxe? Nada alem de idéias marginais, escritas por psicopatas, homossexuais, dementes, pervertidos, bêbados e drogados. Rimbaud, Sócrates, Dostoievski, Sartre, Camus, Homero, quem são eles alem de mentes insanas e inúteis ao desenvolvimento do mundo.
Dêem-me apenas o pão e fiquem com o maldito circo para vocês!

Tuesday, July 25, 2006

Higiene Mental

Matéria deveras interessante na coluna do João Pereira Coutinho, da Folha de São Paulo; uma anedota curiosa da síndrome de opiniões superficiais que ajuda todo bom cidadão dormir com a consciência limpa. Pois sabemos que nem sempre, caro leitor, ter uma opinião genuína de um determinado assunto, faz sentirmo-nos bem.

Caros senhores terroristas

Começou a época das manifestações. Leio agora que, só em Londres, milhares de pacifistas saíram à rua para marchar contra a guerra no Oriente Médio. Nada a opôr. Marchar contra a guerra é simpático. Mais ainda: é cómodo. Você pode não saber nada sobre o conflito, nada sobre as razões do conflito, nada sobre as consequências do conflito. Mas é contra. Ser contra é a absolvição do pensamento: uma forma tranquila de colocar a flor na lapela do casaco e mostrar a sua vaidade moral ao mundo. Hitler invadiu a Polônia, exterminou milhões de judeus e procurou subjugar um continente inteiro? O pacifista é contra. Contra quê? Contra tudo: contra Hitler, contra Churchill, contra Roosevelt. Contra Aliados, contra nazistas. E quando os nazistas entram lá em casa e se preparam para matar o pacifista, ele dispara, em tom poético: "Não me mate! Você não vê que eu sou contra?" É provável que o nazista se assuste com a irracionalidade do pacifista e desapareça, correndo.

Capitão: "Eu não mandei você matar o inimigo?"
Soldado: "Sim, meu capitão. Mas ele era contra. Fiquei com medo."

O pior é que os pacifistas que saíram à rua não são contra tudo. Eles só são contra algumas coisas, o que torna o caso mais complexo e, do ponto de vista paranóico, muito mais interessante. Lemos as palavras de ordem e ficamos esclarecidos. "Não ataquem o Irã". "Liberdade para a Palestina". "Tirem as mãos do Líbano". Imagino que alguém deixou em casa as frases sacramentais. "Irã só quer paz". "Hizbollah é gente séria". "Israel é racista; não gosta de mísseis". Essa eu entendo. Israel retirou do Líbano em 2000. Retirou de Gaza em 2005. O Líbano e Gaza, depois da retirada, transformaram-se em parque de diversões para terroristas do Hizbollah e do Hamas (leia-se: do Irã e da Síria) que tinham por hábito sequestrar soldados israelenses e lançar rockets para o interior do estado judaico. Israel, inexplicavelmente, não gostava de apanhar com mísseis na cabeça, marca visível da sua intolerância. Os pacifistas de Londres deveriam denunciar essa intolerância: um Estado que retira dos territórios ocupados e, ainda por cima, não gosta de ser bombardeado, não merece o respeito da "comunidade internacional".

E a "comunidade internacional" não respeita. Desde o início das hostilidades, no sul do Líbano, regressaram acusações conhecidas de "desproporção" e "matança indiscriminada de civis". Apoiado: as acusações, não os ataques. Se Israel não gosta de ser bombardeado, deveria refrear seus ímpetos belicistas e escrever uma carta aos senhores terroristas. Para explicar o desconforto da situação. Exemplo:

"Caros senhores terroristas,

Boas tardes.

Nós sabemos o quanto vocês gostam de bombardear as nossas cidades, apesar de termos voluntariamente retirado dos vossos territórios. Longe de nós condenar a forma gentil como gostais de matar o tempo. Mas lançar rockets para o interior de Israel não mata só o tempo; também mata pessoas que estão nas ruas, nos mercados, nos cafés. Seria possível parar com esse desporto?

Nós, judeus, sabemos que o pedido é excessivo, na medida em que, segundo opiniões dos senhores terroristas, que nós compreendemos e até respeitamos, desde 1948, ano da fundação de Israel, que nós não temos qualquer direito à existência. Mas não seria possível chegar a um entendimento, apesar da palavra 'entendimento' ser ofensiva para a cultura dos senhores terroristas? Dito ainda de outra forma: não seria possível que o lançamento de rockets ocorresse apenas em dias salteados? Por exemplo: às segundas, quartas e sextas? Os sequestros seriam apenas às terças e quintas, de preferência mais ao final da tarde, depois da saída do trabalho, para deixar o jantar já pronto.

O pedido pode parecer excessivo mas gostaríamos de lembrar aos senhores terroristas --e, por favor, não vejam nas nossas palavras qualquer crítica-- que nós tivemos essa gentileza: avisar as populações civis de que o sul do Líbano seria atacado, pedindo-lhes que se retirassem. Estamos conscientes, e por isso nos penitenciamos, que esse aviso às populações civis acaba por retirar valioso material humano que os senhores terroristas gostam de usar como escudo para exibir na televisão. Mas não seria possível substituir seres humanos por sacos de areia, mais fáceis de usar e controlar?

Uma vez mais, queiram-nos perdoar a ousadia da sugestão. Estamos certos de que a racionalidade das nossas propostas será recebida com a irracionalidade dos vossos propósitos."

Depois, era só enviar a carta e, estou certo, esperar pela resposta. Que viria, como vem sempre, voando pelos ares.

João Pereira Coutinho, 30, é colunista da Folha de S.Paulo. Reuniu seus artigos no livro "Vida Independente: 1998-2003", editado em Portugal, onde vive. Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras, para a Folha Online.

Wednesday, April 05, 2006

Rede de Letras


Texto meu no site Rede de Letras da Estácio de Sá. Dê uma conferida em AUTO-AJUDA DE UMA OLIVETTI 6.2 AUTOMÁTICA. (assim, em letras maiúsculas)

REDE DE LETRAS

Friday, March 31, 2006

O pauloleminski























I

Confira
tudo que
respira
conspira

II

Tudo é vago e muito vário
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso

III

Cinco bares,
dez conhaques
atravesso são paulo
dormindo dentro de um táxi

IV

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

V

O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique


(Paulo Leminski)

Friday, March 17, 2006

O Poeta Metálico


(Carl Solomon, Patti Smith, Allen Ginsberg e Willian Burroughs)

IDÉIAS SOBRE O SUICÍDIO
Tanto faz se você se suicida ou morre de morte natural.

IDÉIAS SOBRE A PSICOSE
Tanto faz de você é louco ou normal.

CONCLUSÃO
Tanto faz.

SEM TÍTULO
who´s afreud of Sigmund Freed?(...)

(Carl Solomon, de repente acidentes)




Tuesday, March 14, 2006

Acrilírico


Acrilírico

Olhar colírico
Lirios plásticos do campo e do contracampo
Telástico cinemascope teu sorriso tudo isso
Tudo ido e lido e lindo e vindo do vivido
Na minha adolescidade
Idade de pedra e paz
Teu sorriso quieto no meu canto
Ainda canto o ido o tido o dito
O dado o consumido
O consumado
Ato
Do amor morto motor da saudade
Diluído na grandicidade
Idade de pedra ainda
Canto quieto o que conheço
Quero o que não mereço
O começo
Quero canto de vinda
Divindade do duro totem futuro total
Tal qual quero canto
Por enquanto apenas mino o campo ver-teAcre e lírico o sorvete
Acrilíco Santo Amargo da Putrificação
Composição: Caetano Veloso/Rogério Duprat

Friday, March 10, 2006

Os Miseráveis do Saara




(...)"Depois da aparição do islã, acabou-se! O nada intelectual absoluto, o vazio total. Viramos um país de mendigos pulguentos. Mendigos cheios de pulgas, é isso que nós somos. Ralé, ralé..." "Vocês precisam se lembrar, cher monsieur , que o islã nasceu em pleno deserto, no meio de escorpiões, camelos e animais ferozes de toda espécie. Sabe como eu chamo os muçulmanos? os miseráveis do Saara. Eis o único nome que eles merecem. Você acha que o islã poderia ter surgido numa região tão esplendida? Não, monsieur. O islã só podia nascer num deserto estúpido, no meio de beduínos sebosos que não tinham nada melhorar para fazer - com perdão pela expressão, do que enrabar camelos. Quanto mais uma religião se aproxima do monoteísmo, pense nisso, cher monsieur -, mais ela é inumana cruel, e o islã é, de todas as religiões, a que impõem o monoteísmo mais radical. Desde o seu nascimento ela se caracteriza por uma sucessão ininterrupta de guerras invasões e massacres; enquanto ela existir a concórdia não poderá reinar no mundo." (...) "Quando se lê Corão, não se pode deixar de ficar impressionado com o deplorável clima de tautologia que caracteriza a obra: Não há outro deus senão o Deus único etc. Desse jeito, convenhamos, não se pode ir muito longe.Veja como o catolicismo, religião sutil, que eu respeito, que sabia o que convém à natureza do homem, afastou-se rapidamente do monoteísmo que sua doutrina inicial lhe impôs.(...) Um deus único! Que Absurdo! Que absurdo inumano e fatal! Um Deus de Pedra, cher monsieur, um deus sanguinário e ciumento que nunca deveria ter ultrapassado as fronteiras do Sinai."(...)" Veja o que nos resta hoje em dia...”(mostrou ao acaso duas mulheres de véu que avançavam penosamente carregando pacotes de mercadoria) "um monte te de balofas informes que se disfarçam debaixo de esfregões. Assim que se casam, não pensam em outra coisa senão comer. Elas comem, comem, comem..."(...) "Não, creia-me, cher monsieur, o deserto só produz desmiolados e cretinos”.

Trecho do livro Plataforma de Michael Houellebecq