Glub

Friday, March 31, 2006

O pauloleminski























I

Confira
tudo que
respira
conspira

II

Tudo é vago e muito vário
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso

III

Cinco bares,
dez conhaques
atravesso são paulo
dormindo dentro de um táxi

IV

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

V

O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique


(Paulo Leminski)

Friday, March 17, 2006

O Poeta Metálico


(Carl Solomon, Patti Smith, Allen Ginsberg e Willian Burroughs)

IDÉIAS SOBRE O SUICÍDIO
Tanto faz se você se suicida ou morre de morte natural.

IDÉIAS SOBRE A PSICOSE
Tanto faz de você é louco ou normal.

CONCLUSÃO
Tanto faz.

SEM TÍTULO
who´s afreud of Sigmund Freed?(...)

(Carl Solomon, de repente acidentes)




Tuesday, March 14, 2006

Acrilírico


Acrilírico

Olhar colírico
Lirios plásticos do campo e do contracampo
Telástico cinemascope teu sorriso tudo isso
Tudo ido e lido e lindo e vindo do vivido
Na minha adolescidade
Idade de pedra e paz
Teu sorriso quieto no meu canto
Ainda canto o ido o tido o dito
O dado o consumido
O consumado
Ato
Do amor morto motor da saudade
Diluído na grandicidade
Idade de pedra ainda
Canto quieto o que conheço
Quero o que não mereço
O começo
Quero canto de vinda
Divindade do duro totem futuro total
Tal qual quero canto
Por enquanto apenas mino o campo ver-teAcre e lírico o sorvete
Acrilíco Santo Amargo da Putrificação
Composição: Caetano Veloso/Rogério Duprat

Friday, March 10, 2006

Os Miseráveis do Saara




(...)"Depois da aparição do islã, acabou-se! O nada intelectual absoluto, o vazio total. Viramos um país de mendigos pulguentos. Mendigos cheios de pulgas, é isso que nós somos. Ralé, ralé..." "Vocês precisam se lembrar, cher monsieur , que o islã nasceu em pleno deserto, no meio de escorpiões, camelos e animais ferozes de toda espécie. Sabe como eu chamo os muçulmanos? os miseráveis do Saara. Eis o único nome que eles merecem. Você acha que o islã poderia ter surgido numa região tão esplendida? Não, monsieur. O islã só podia nascer num deserto estúpido, no meio de beduínos sebosos que não tinham nada melhorar para fazer - com perdão pela expressão, do que enrabar camelos. Quanto mais uma religião se aproxima do monoteísmo, pense nisso, cher monsieur -, mais ela é inumana cruel, e o islã é, de todas as religiões, a que impõem o monoteísmo mais radical. Desde o seu nascimento ela se caracteriza por uma sucessão ininterrupta de guerras invasões e massacres; enquanto ela existir a concórdia não poderá reinar no mundo." (...) "Quando se lê Corão, não se pode deixar de ficar impressionado com o deplorável clima de tautologia que caracteriza a obra: Não há outro deus senão o Deus único etc. Desse jeito, convenhamos, não se pode ir muito longe.Veja como o catolicismo, religião sutil, que eu respeito, que sabia o que convém à natureza do homem, afastou-se rapidamente do monoteísmo que sua doutrina inicial lhe impôs.(...) Um deus único! Que Absurdo! Que absurdo inumano e fatal! Um Deus de Pedra, cher monsieur, um deus sanguinário e ciumento que nunca deveria ter ultrapassado as fronteiras do Sinai."(...)" Veja o que nos resta hoje em dia...”(mostrou ao acaso duas mulheres de véu que avançavam penosamente carregando pacotes de mercadoria) "um monte te de balofas informes que se disfarçam debaixo de esfregões. Assim que se casam, não pensam em outra coisa senão comer. Elas comem, comem, comem..."(...) "Não, creia-me, cher monsieur, o deserto só produz desmiolados e cretinos”.

Trecho do livro Plataforma de Michael Houellebecq

Thursday, March 09, 2006

Carta de obediência ao Papa.

Desde março de 1976, o sistema de abastecimento de água da minha região cessou totalmente seu fornecimento. No princípio chegou a causar pânico na população. Os lideres da associação de moradores tentaram uma resolução do problema, fizeram acordos com o governo, reuniram-se, receberam promessas, mas nada adiantou. Foi tempo jogado no lixo, é fato. Pois de algum modo, como eu já previra outrora, os moradores começaram a perceber que a ausência de água não é era um mal tão grande. Logicamente, deixamos de tomar banho, lavar o quintal, e direcionamos nossos esforços para a captação da água da chuva, que não era tão abundante na minha região. Em períodos de estiagem, racionávamos a pouca água que nos restava, e em alguns anos deixamos de consumi-la, sempre tendo em mente, que poderíamos esquecer este mal; e nunca perdemos o humor, pois afinal, a água não é tão necessária assim para nossa comunidade, como já tinha dito anteriormente.
Desculpe o Transtorno.
Raimundo Correia Neto

A tira mais triste da história


Pra ampliar clique na imagem